sábado, 14 de julho de 2012

Todo dia é Dia das Mães por Karina Petroni Fischer

Acordou mais cedo ainda- mais do que o habitual já que o mais novo integrante da casa estava, como sempre, chorando. Pois é, quando tinha se desacostumado com barulhos infames, reaprendido a dormir, notou que algo tinha atrasado e não era a conta de telefone, nem a da água.
Pois então, ela casou e seguiu a linha evolutiva que toda uma geração de mulheres seguiu, inclusive as que queimaram o sutiã ouvindo Janis Joplin. Acontece que, ironicamente, ela desde que seguiu a tal da linha evolutiva, todo dia era dia de rock and roll, baby, mas sem goró, óbvio (“you can´t always get what you want”).
Enfim, ela, mais uma vez, como tantas outras responsáveis pela casa, pelo trabalho, jornada dupla, por estar em dia com a pedicure, manicure, Papanicolau, o cuidado com o sódio, não aprendeu a lição básica e danou-se. “Tô grávida, grávida de...” . Não, não era de um beija-flor, mas do cara que ela jurou amor eterno, mas na hora esqueceu-se de um contrato de divisão de tarefas o que, ultimamente, achava que todo casamento deveria ter. Tipo assim: “prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida. E lavar a louça que usei, não deixar as roupas largadas no chão, cuidar das crianças para você poder sair com suas amigas, abaixar a tampa da privada e também me responsabilizar pelo controle de natalidade...”
E as provas estavam todas lá. Um legista forense teria muito trabalho: a prova do crime gritava e o choro era tão doído que dava a impressão que só com 3 meses de idade, ele tinha perdido o grande amor da vida. Nessas horas (quase sempre), ela, tentando manter a pose e o orgulho, dizia:
-É meu filho, gente ! E nem fui eu quem ensinei a chorar assim.
Pois é : já tinha perdido a noção, perceberam?! Justo ela que era tão cuidadosa com as palavras, tinha tanto nojinho e agora estava na onda do papo de mãe. Sim, você já deve ter ouvido que mãe perde todo e qualquer tipo de noção que se possa ter. Pode debater horas sobre a textura do cocô enquanto degusta uma taça de creme de abacate e não sente nojo! Ou sair toda “golfada” do fraldário de um Shopping Center porque mãe perde a capacidade de pensar e sempre se esquece de colocar uma camiseta limpa para ela na bolsa do bebê.
Uma vez, quando ainda não era mãe, viu uma conhecida saindo da praia. Riu ao lembrar-se que procurou o caminhão da Graneiro por lá. Caixa de isopor (tamanho geladeira), umas quatro bolsas, sombrinha, cadeiras, baldes, piscininha (maldita a pessoa que inventou aquilo), isso, mais um pouco e ainda faltava o filho! E a história se repetia com ela: a vida como ela é.
Levantou da cama quentinha, pegou o filho. Enfim, era só fome. Padecer no paraíso...praticamente. Não era febre, nem cólica. Obrigada, Deus! E deu aquela piscadela para cima.