Tarefa históricapor Ana Bock**
Mulheres em busca de prazer e
felicidade; mulheres em busca de bons tratos e da relação saudável com
seus parceiros; mulheres que querem ser livres e realizadas na
profissão; que querem ser donas de seus próprios corpos, assim somos em
nosso tempo. Porque aquelas que se organizam na Marcha das Vadias são as
mesmas que ainda sonham com um casamento fiel e cheio de afeto, que se
pegam pensando em como agradar o parceiro em uma noite especial. Essas
mulheres são as mesmas que, em determinados estratos sociais, ainda se
viram em muitas para dar conta da casa, do marido que chega cansado
(ignorando que ela também trabalhou). São as mesmas que querem ser mães
presentes e que, infelizmente, ainda vivem sem prazer dentro de casa.
Este é nosso momento histórico.
Somos a travessia de um mundo machista, marcado por relações de
submissão aos maridos tiranos, para um lugar de igualdade nas relações,
de companheirismo e de realização pessoal. Somos a travessia também,
quando temos uma atitude machista na forma de chefiar pessoas em nosso
trabalho; quando somos egoístas e trocamos o “dar prazer” por “ter
prazer”. Ainda estamos em busca, ainda estamos no processo.
Este momento de travessia nos
dificulta saber qual é o melhor jeito de ser mulher, isso porque não
existe uma nova mulher pronta para copiarmos. É no dia a dia que milhões
de mulheres inventam um novo jeito de ser. Nossa tarefa é esta:
inventar. E, fazendo isso coletivamente, construiremos um mundo com
novas formas de relações afetivas e de companheirismo. Nossa tarefa não é
simples nem está completa, mas saberemos levá-la com toda a garra que
tem caracterizado as mulheres há tanto tempo.
**Ana Bock, 59 anos, é professora de psicologia social na PUC-SP,
candidata a vice-reitora da universidade e ex-presidente do Conselho Federal de Psicologia. Casada há 37 anos, é mãe de 3 filhos e dona de uma agenda lotada para os próximos 6 meses, mas sempre com tempo para os netos. Uma mulher que nunca diz não para um amigo
candidata a vice-reitora da universidade e ex-presidente do Conselho Federal de Psicologia. Casada há 37 anos, é mãe de 3 filhos e dona de uma agenda lotada para os próximos 6 meses, mas sempre com tempo para os netos. Uma mulher que nunca diz não para um amigo