quarta-feira, 25 de julho de 2012

Todo dia é dia de ler: meu encontro com Dom, o Casmurro!

Hoje é o DIA DA LEITURA

Não posso deixar de me lembrar das duas pessoas, entre outras, que me "apresentaram" ao mundo da leitura.

Meu pai, Antonio Lima de Souza que, ao contrário dos outros pais que não estavam nem aí e hoje ao invés de livros, dão Ipads, levava a mim e a minha irmã a livraria para escolhermos os livros do mês que ele comprava. Não me esquecerei nunca do Cachorrinho Samba e de tantos outros. Obrigada, pai. É uma herança que não se dissolve, não se vende, não se rouba assim como as aulas de inglês, de ballet, de música, de tennis... Coisas que um pai deixa a um filho e que nunca se perderá.
Não posso me esquecer também da mamãe que quando ia buscar a lista de material do Colégio São Carlos (logo após descobrir se tinha "passado" de ano!), já trazia, para minha felicidade, todos os livros indicados e que deveriam só ser comprados ao longo do ano, mas eu já lia todos nas férias.
Li também toda a coleção Sabrina... escondida, mas li.
Enfim, minha irmã, entra em várias fases..
Mas há duas passagens muito importantes.
A primeira vez que li um livro sério mesmo. Sim, um livro denso que ela, a minha irmã, acreditou que eu, com apenas 12 anos, poderia entender e absorver.
Ela bateu a porta do meu quarto e eu abri e lá estava ela segurando DOM CASMURRO. Era um segredo dela que finalmente compartilhávamos, teríamos mais alguma coisa em comum, mas o silêncio imperava.
Ela então voltou para o quarto dela e lá fui eu ler as primeiras páginas, sem entender os olhos de ressaca ou a expressão mais intensa que uma mulher pode receber: olhos de cigana oblíqua e dissimulada.
O que Machado de Assis queria dizer?
Eu perguntava para ela, mas esta minha irmã queria que eu descobrisse o mundo e lá fui (e nem Internet havia na época) ler livros, jornais e foi aí que fiz minha carteirinha na Biblioteca Municipal...
Sim, balzaca com muito, muito amor!
Defrontei-me com a questão da traição ou não de Capitu o que, acredito eu, não seja definitivamente o cerne da questão.
Depois desse, vieram muitos outros livros, muitas outras pessoas que viam minha vontade de ler, de integrar-me, de escrever: professoras do Colégio São Carlos, bibliotecárias, professores e professoras do Anglo, na Faculdade, no mundo.... Amigos que já fizeram parte da minha vida, como Michel Lacombe, que me enobreceu ao me apresentar Charles Bukowski, entre outros e, posso fazer um paralelo: enquanto meu avó me ensinou a escrever, o Michel me ensinou com paciência e dedicação a escrever releases, artigos. Não foi a Faculdade de Jornalismo e nunca será (já que, graças a Deus nem completei*), mas sim você, Michel, que por hora, enfim, estás longe, mas sempre morará em meu coração.
E teve também a Jo... que me apresentou Saramago que eu morria de medo, mas estou me deleitando. Obrigada.
Tem também a Tia Ana, irmã da minha mãe, que sempre está lendo e escrevendo. Sempre tinha seus diários e, como uma religião, escrevia, escrevia e até hoje, quando eu, minha irmã e ela nos encontramos, falamos de livros que estamos lendo... E do Jornal... Os filhos da Tia Ana, meus primos irmãos queridos e amados, também tem essa sede pelo saber, pelo aprender, pelo mundo.
Pai e mãe... essenciais.
Minha mãe... devoradora de Jornais, revistas e palavras cruzadas...
Nunca me esquecerei quando recebi o email do Laerte Coutinho, o cartunista magnífico, empolgadíssima e disse, quase gritando, fã, coisa de fã e nem imaginando a resposta dela, se é que haveria uma.
-Mãe, mãe, o Laerte me escreveu, me enviou um email parabenizando uma crônica. Acredita, mãe?!
-Ah, o cartunista?! Nossa, que bom. Parabéns, filha.

FINALMENTE...
Quem me ensinou a ler e a escrever?
Não, não foi SÓ a escola.
Foi meu AVÓ AMADO, Dudu Petroni. Essa também foi a herança que ele me deixou e também é a maior de todas. Eu ficava a noite na casa dele e enquanto assistíamos o Jornal Nacional, ele, pacientemente, me ensinava e, aos 5 anos de idade, sério, eu já lia o que estava escrito em muros, em jornalzinhos para crianças.....
E deve ser por essa razão que, por essas pessoas (e por mim também), que eu queira, que eu tenha decidido por esse caminho: ESCREVER E ESCREVER.
E para isso você não tem amarras, rabo preso, indicação, sobrenome. Nada.
Basta poder... e querer.
Obrigada, família e pessoas queridas.

P.S: Minha irmã me disse para ler ENSAIOS SOBRE O AMOR E A SOLIDÃO do Gikovate que, vejam só que ironia, é colunista de um site que escrevo também.
Ela tem o livro, mas esse ela não empresta. É que agora, infelizmente, estamos longe... mas nunca de coração. A escrita nos une: por email, foto, filme de família.

* Jornalista é quem lê, quem escreve, quem se articula, quem defende opiniões... e eu faço isso desde os 15 anos quando escrevia no Jornal Primeira Página ( onde permaneci até os 28 anos de idade). Ainda bem que posso ser e exercer o Jornalismo, assim como a minha verdade. Vejo amigos(as) que terminaram a Faculdade, mas que infelizmente, hoje estão trabalhando em áreas totalmente diferentes o que, reitera, mais uma vez, que em São Carlos, como já publicado (basta consultar a Internet) a grande maioria dos funcionários, sejam jornalistas ou não, não passaram por concurso, mas estão lá pelo chamado cargo de confiança que veio, com certeza, de indicação, influência. Posso dormir tranquila por não defender partido nenhum ou ideologia nenhuma que não seja a minha. E o restante que trabalham em outras áreas do jornalismo como, por exemplo, uma amiga com um alto cargo em uma empresa, me confessou que, viver de salário de jornalista (tabelado, logicamente) é pura perda de tempo e que, assim que puder, manda tudo às favas, faz as malas e vai lavar pratos na Austrália, viver bem e ser feliz. Finalmente, em um País, Brasil, que nem saiu e nem sairá da ditadura, jornalista serve exatamente para qual finalidade?!
Ah,claro, coluna social...