domingo, 11 de novembro de 2012

Me perdoe...

me perdoe assim como eu tento me perdoar desde que nasci. já nasci da culpa assim como você. nasci da culpa de dois corpos que se uniram para me dar ao Mundo.
Fui dada ao mundo, ao Mundo.
Me perdoe, me perdoe por não saber onde colocar as mãos em certos momentos que ficam desamparadas, se mexendo.
Me perdoe, me desculpe profundamente pelo meu excesso de vida, essa vontade viver que late, que mia, que ruge, que grita dentro de mim e que me faz querer ser aviadora, chef de cozinha, mãe, esposa, terapeuta, professora, sexóloga, menina, mulherão.
Me perdoe por esse viço da pele que vem do útero que machucado está, machucado não ficará.
Me perdoe por desejar tanto, por pedir tanto das pessoas, por querer abrigar o mundo e os mundos ao redor de mim debaixo dos olhos, dos braços, entre a vagina.
Me perdoe, liebling, por ser tão casta na minha perdição.
Me perdoe por querer, querer, querer mais, sempre mais como se o desassossego fosse minha irmã, minha parente mais próxima.
Não se preocupe que não estou preocupada.
Me perdoe por não entender que você entende essa minha liberdade descomunal e que eu preciso, necessito para respirar, para dar vida, para te fazer rir, te fazer gozar dentro de mim.
Que teu gozo me nutra, que teu gozo se una ao meu, que nosso gozo cure tudo.
Cure só o necessário porque eu e você queremos o incansável, o que não tem nome, o que não se aplica, o que ninguém nunca viveu ou aceitou.
Eu quero.
Eu me quero.
Eu quero você.
(Karina Petroni Fischer