quarta-feira, 25 de julho de 2012

Histórias Cruzadas

Gosto muitos dos artigos da Nina Lemos...
Um, em particular, me lembrou o filme que assisti, absolutamente abismada com a realidade, HISTÓRIAS CRUZADAS.
Quem não assistiu, assista. Alias, o Oscar de melhor atriz foi de Viola Davis, que no filme vive a personagem Aibileen, uma diarista que perdeu tragicamente o filho.
O filme é excelente e com histórias cruzadas e outras engraçadas. Comovente.
Voltando ao artigo de Nina Lemos, enfatizo um trecho:
"Dia desses, no problemático programa de Fátima Bernardes, o tema era relação de empregadas com patroas. No auditório, todos ficaram boazinhas. A patroa que tinha empregada que dormia em casa disse orgulhosa que até pagava o plano de saúde da moça, porque ela era uma pessoa “da família”. Como se pagar plano de saúde não fosse pura obrigação de um empregador minimamente decente.  E como se alguém ainda caísse nesse papo furado de “parte da família."
Pois é!
Quem quiser terminar de ler, clique AQUI.
Parte da família?!
Longe disso, bem longe.
A ironia é percebermos que um filme, no caso Histórias Cruzadas, que se passa em 1960, no Mississippi, segue, sem retórica, o padrão de até hoje, antes até de 1960.
Ouvimos por aí com desdém (há sempre as exceções, mas isso é tão lógico quanto 2 e 2 são quatro): "é quase um milagre achar uma empregada doméstica ou faxineira."
Graças a Deus!
E nem é tão novidade assim já que em matéria na Globo, já se falava do abandono do trabalho de empregadas domésticas. Vejam a matéria e o lance da mãe postiça. É de rir!
Repensemos o valor dessas mulheres, ou melhor, dessas funcionárias ( é mais chique... ouvi por aí!)
Repensemos o que seríamos sem isso, aquilo, mais aquilo.... Repensemos que dividir tarefas, lavar copos após o uso, se situar no dito "deslumbramento" (não fui eu quem disse) dos Europeus que não tem empregada doméstica e, mesmo com dinheiro, não precisam viver em mansões. Pois é!
A jornalista Adriana Setti, residente em Barcelona, também escreveu um excelente artigo, intitulado A CLASSE MÉDIA ALTA E OS SUPÉRFLUOS que demonstra que "do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia...."
Adriana vai mais longe e escreve o que fazemos e o que SENTIMOS, eu e meu marido ao conversarmos:
Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão). É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte do savoir vivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura.
Nina Lemos, Adriana Setti, o mundo, as empreguetes estão aí mostrando, deixando claro que o movimento "faça você mesmo", saiba se virar onde estiver e com quem estiver é ou se tornará VIRAL.

P.S: PARCIMÔNIA... só eu sei a verdade! E vc, sabe a sua?