Inevitavelmente, toda essa discussão (AINDA) sobre telefonar ou não, fazer ou não fazer, transar ou não, veja então as mesmas questões da época da nossa tataravó, me fizeram rememorar o filme belíssimo, em todos os sentidos, Thelma e Louise.
Filme antigo, mas que na época causou um grande tumulto nos jornais (e mesmo assim continuamos com a mesma cabeça oca), principalmente na cena derradeira onde as duas tem que decidir se voltam a vida de antes de terem ido de encontro a algo maior do que aquilo já acostumadas e que as deixava infeliz ou simplesmente iam em direção ao desconhecido.
De acordo com o blog da Revista Parâmetro, no filme “Thelma e Louise” há vários
fragmentos que se relacionam com a filosofia de Sartre e a questão da
liberdade, o determinismo, a má fé, os obstáculos, os valores, porém, o
foco neste texto será apenas no que se refere a relação entre a
liberdade sartreana.
O impulso das personagens para um final de semana de aventuras é única e exclusivamente a escolha de vivenciar momentos através de outra perspectiva.
A condição do agir é a liberdade e Sartre fixa a liberdade na essência do homem.
Quem nega a liberdade afirma que o homem é
determinado por sua natureza, por sua natureza concreta, ou seja, que
este homem a conceba como sua estrutura psíquica, como o inconsciente
freudiano, quer como o homem dominado pela sociedade em que vive, pela
estrutura econômica de tal sociedade ou como qualquer outra coisa.
A frustração e o tédio do casamento,
relacionamentos conturbados e uma vida vazia é apenas um enredo dentro
da vida daquelas mulheres (Thelma e Louise) que, dentro de suas
limitações, procuram uma solução alternativa para a superação de seus
“fantasmas”.
O cansaço torna-se um motivo para que
elas abandonem as atividades costumeiras, sendo mais importante o
conforto do que o empenho em levar a termo uma ação iniciada.
Acabam assim, contribuindo para que um obstáculo se torne intransponível dependendo do fim que se propõem e do valor que atribuem a esse fim.
Quando Sartre nos fala sobre
significações, o homem pode transformar alguns obstáculos em superações,
mas, além disso, o mais importante talvez seja um projeto de vida
construído com os alicerces de nossas melhores escolhas.
Até aqueles que possam admitir o
determinismo, devem admitir que exista uma impressão (uma ilusão,
segundo Sartre) de escolher, isto é, de decidir com base em determinados
motivos e que são os motivos que nos determinam a querer. Os motivos
são em última análise as coisas conhecidas que nos atraem de formas
variadas.
Estamos lançados em um mundo incerto e,
como estamos condenados à liberdade, a livre escolha, esta ou é nossa
melhor aliada ou pior o dos inimigos.
O homem é um ser ontologicamente livre e a
liberdade é necessária porque ele está condenado a ela. Somos tão
livres que não podemos deixar um minuto sequer de escolher. A vida é sempre uma escolha.
Minhas considerações finais são de que
por mais que o filme nos dê a sugestão de uma virada radical na rotina,
intimamente ele fala de construção de vida e de ideias de felicidade,
que dentro de uma liberdade intrínseca humana, por vezes, não
conseguimos estabelecer o melhor direcionamento e o melhor
reconhecimento de nossas fraquezas.