segunda-feira, 30 de julho de 2012

Thelma, Louise e Satre: what?

Inevitavelmente, toda essa discussão (AINDA) sobre telefonar ou não, fazer ou não fazer, transar ou não, veja então as mesmas questões da época da nossa tataravó, me fizeram rememorar o filme belíssimo, em todos os sentidos, Thelma e Louise.
Filme antigo, mas que na época causou um grande tumulto nos jornais (e mesmo assim continuamos com a mesma cabeça oca), principalmente na cena derradeira onde as duas tem que decidir se voltam a vida de antes de terem ido de encontro a algo maior do que aquilo já acostumadas e que as deixava infeliz ou simplesmente iam em direção ao desconhecido.

De acordo com o blog da Revista Parâmetro, no filme “Thelma e Louise” há vários fragmentos que se relacionam com a filosofia de Sartre e a questão da liberdade, o determinismo, a má fé, os obstáculos, os valores, porém, o foco neste texto será apenas no que se refere a relação entre a liberdade sartreana.
O impulso das personagens para um final de semana de aventuras é única e exclusivamente a escolha de vivenciar momentos através de outra perspectiva.
A condição do agir é a liberdade e Sartre fixa a liberdade na essência do homem.
Quem nega a liberdade afirma que o homem é determinado por sua natureza, por sua natureza concreta, ou seja, que este homem a conceba como sua estrutura psíquica, como o inconsciente freudiano, quer como o homem dominado pela sociedade em que vive, pela estrutura econômica de tal sociedade ou como qualquer outra coisa.
A frustração e o tédio do casamento, relacionamentos conturbados e uma vida vazia é apenas um enredo dentro da vida daquelas mulheres (Thelma e Louise) que, dentro de suas limitações, procuram uma solução alternativa para a superação de seus “fantasmas”.
O cansaço torna-se um motivo para que elas abandonem as atividades costumeiras, sendo mais importante o conforto do que o empenho em levar a termo uma ação iniciada.
Acabam assim, contribuindo para que um obstáculo se torne intransponível dependendo do fim que se propõem e do valor que atribuem a esse fim.
Quando Sartre nos fala sobre significações, o homem pode transformar alguns obstáculos em superações, mas, além disso, o mais importante talvez seja um projeto de vida construído com os alicerces de nossas melhores escolhas.
Até aqueles que possam admitir o determinismo, devem admitir que exista uma impressão (uma ilusão, segundo Sartre) de escolher, isto é, de decidir com base em determinados motivos e que são os motivos que nos determinam a querer. Os motivos são em última análise as coisas conhecidas que nos atraem de formas variadas.
Estamos lançados em um mundo incerto e, como estamos condenados à liberdade, a livre escolha, esta ou é nossa melhor aliada ou pior o dos inimigos.
O homem é um ser ontologicamente livre e a liberdade é necessária porque ele está condenado a ela. Somos tão livres que não podemos deixar um minuto sequer de escolher. A vida é sempre uma escolha.
Minhas considerações finais são de que por mais que o filme nos dê a sugestão de uma virada radical na rotina, intimamente ele fala de construção de vida e de ideias de felicidade, que dentro de uma liberdade intrínseca humana, por vezes, não conseguimos estabelecer o melhor direcionamento e o melhor reconhecimento de nossas fraquezas.